Centro de Preparação de Oficiais da Reserva da 5ª Região Militar
O CPOR – Centro de Preparação de Oficiais da Reserva, da 5ª Região Militar de Curitiba foi um local de prisões e torturas de presos políticos durante a ditadura. De acordo com o relato de vários ex-presos[1], este local foi utilizado pelos agentes do Exército para diversas violações de direitos humanos, embora durante a Operação Marumbi, os locais mais utilizados pela tortura tenham sido a Clínica Marumbi e o quartel da Praça Rui Barbosa.
Dentre os presos que ficaram por algum tempo no CPOR, a Comissão Estadual da Verdade cita Hiram Ramos de Oliveira, que havia sido dirigente estadual do PCB entre 1966 e 1968. De acordo com o relatório,
Hiram foi preso em 19/9/68, por dois agentes do Deops, dentro da Faculdade de Letras da UFPR. É levado para o quartel da Praça Rui Barbosa onde é interrogado, sem direito a advogado. É ameaçado com a possibilidade de sofrer torturas que o fariam “perder a saúde”. No mesmo dia, perto da meia noite, foi transferido para o CPOR. Continua sendo ameaçado. Vai para o CPOR e fica sem poder tomar banho. Ao denunciar os maus tratos e as ameaças de tortura ao comandante do CPOR, coronel Ferdinando, recebe voz de prisão por “desacato à autoridade”. Hiram fica incomunicável durante vários dias, sem receber advogado ou parentes, especialmente sua esposa, Núbia Viegas. Ela é assediada moralmente por militares que a visitam frequentemente, sob a desculpa de vasculhar a casa.[2]
Conforme aponta o relatório, Hiram havia sido preso na Universidade, levado ao quartel da praça Rui Barbosa e depois transferido para o CPOR. No relatório constam indícios de tortura psicológica nas dependências do CPOR. O suposto assédio a que sua esposa era submetida parecia ser uma prática comum, pois relatos parecidos são corriqueiros entre os depoentes.
Conforme podemos analisar nas imagens acima, parte da fachada do imóvel foi preservada, entretanto, não há qualquer indício que ligue a localidade ao período repressivo. Embora não seja possível indicar com precisão a data da fotografia do quartel, o site pesquisado informa que se trata de uma imagem da década de 1970.
O CPOR foi vendido pelo Exército em 1989 e em 1996 transformado em shopping center, tendo apenas sua fachada preservada, é atualmente um lugar para compras e entretenimento. Os transeuntes passeiam tranquilamente, comem na praça de alimentação sem saber do significado controverso de suas antigas instalações.