1º comando Regional de Polícia Militar

O Quartel da Polícia Militar, localizado na região central de Curitiba ainda possui as mesmas características da época da ditadura, sem alterações visíveis.

Embora tenha sido utilizado como prisão de alguns indivíduos que praticaram ações contra o regime repressivo, este local não está relacionado a denúncias de tortura, sendo que no Relatório da Comissão Estadual da Verdade, alguns ex-militantes relataram sua prisão nesta localidade. É o caso, por exemplo de Edésio Passos, formado em Direito pela UFPR e que trabalhava como jornalista pelos órgãos Estado do Paraná e Tribuna do Paraná. Edésio passou a exercer militância de esquerda e quando se formou em 1961 passou a advogar em defesa dos trabalhadores. Devido a sua orientação política, foi proibido de atuar após o golpe de 1964, sendo que sua esposa, Zélia Passos também foi proibida de lecionar.[1]

Nos próximos anos Edésio se mudou para Minas Gerais, se engajando no grupo clandestino AP (Ação popular). Com a repressão desbaratando seu grupo, o advogado voltou a Curitiba, onde foi preso junto com sua esposa em 1971.

O militante foi transferido para Minas Gerais, onde respondia a mais um processo. Conseguiu sua mudança para Curitiba, ficando no Quartel da Polícia Militar, na Avenida Marechal Floriano Peixoto, sendo que permaneceu neste local por cerca de um 1 e 6 meses. Nesta localidade, Passos relata não ter sofrido tortura física, tendo cumprido sua pena total e solto mais tarde.[2]

Outro nome ligado à prisão no Quartel da Polícia Militar é Horácio Vitor da Costa, ligado ao movimento sindical. Horácio iniciou sua trajetória sindicalista em Paranaguá, tendo mais tarde trabalhado no Banco do Brasil.

Sobre sua prisão, oriunda de suas atividades sindicais, a Comissão Estadual da Verdade (2014) traz o seguinte relato:

Foi preso em 1964, foi convidado para vir no carro de advogado, estavam com medo de prendê-lo, pois achavam que os funcionários poderiam se revoltar, foi levado para penitenciaria, no dia seguinte foi transferido para o quartel da polícia, na Marechal Floriano, mas tinha um bom tratamento, fez amizade com os soldados, pediu para um sargento levar um recado para companheiros que estavam presos em Paranaguá e o sargento levou. Nunca se filiou a partido político, até hoje simpatiza com os partidos de esquerda, como o PTB, ficou preso por 02 meses, quando foi libertado foi para Paranaguá.

 

Esse trecho do relatório da Comissão traz a informação de que além de não sofrer tortura física, Vitor fez amizade com alguns soldados, conseguindo alguns favores. De fato, ao longo dessa pesquisa, notamos que determinadas localidades relacionadas à repressão são mais ligadas à questão da tortura, sendo que outras, como o Quartel da Polícia Militar são relacionadas a prisões, entretanto, não são referenciadas como centros de tortura física.

Conforme relatado no tópico referente ao movimento estudantil, nesta localidade também ficaram presos os alunos da UFPR que travaram a chamada “Batalha do Politécnico”, quando cerca de 70 estudantes ficaram detidos, sendo soltos mais tarde após intensos protestos.

1º comando Regional de Polícia Militar. Fonte: Polícia Militar do Paraná. Disponível em: http://www.pmpr.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=836 Acesso em 26 de março de 2018.

O Quartel fica localizado entre as avenidas Marechal Floriano Peixoto e Getúlio Vargas. Conforme inferido anteriormente, suas características arquitetônicas e funcionais foram preservadas até o presente momento. Embora no site da PM não esteja estipulada uma data para a fotografia, podemos inferir que se trata de uma imagem recente, pois as configurações do prédio são exatamente as mesmas dos dias atuais.


[1]Relatório da Comissão Estadual da Verdade “Teresa Urban”, CEV/PR, 2014, p. 505-507
[2] Idem.